quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Crônica de um feriado...

É engraçado como pequenos gestos para nós, coisas insignificantes, possam representar tanto para outras pessoas... Segunda-feira, 12 de outubro, menino pendurado no meu ouvido pedindo presente, não-sei-quantos-carrinhos-Hot Wheels, e eu quase no ponto de surtar... Respirei fundo, contei até 1387 e saí de casa pra espairecer com a turminha...

Entrei numa loja grande, bem grande... Daquelas que têm tudo e pedi ao menor de idade que fosse procurar o bendito presente, enquanto eu olhava uns filmes em DVD. Imediatamente uma senhora me perguntou se eu não tinha visto o “Cassino Royale”, pois ela tinha visto há poucos minutos e havia perdido no meio das centenas de filmes…
“Não, não vi. Mas procure por aí, deve estar por perto...” Mesmo tendo dado essa resposta, comecei a procurar o tal filme... De tanto procurar e não achar levei pro lado pessoal e insisti. Depois de alguns minutos, isso começou a virar questão de honra. Principalmente por ser um casal idoso e por ela ter me perguntado como se fosse a coisa mais importante do dia para ela.

Depois de uns 20 minutos, lembrei que Cassino Royale era um dos filmes da série 007. Aí ficou mais fácil... Pouco tempo depois eu encontrei. Sabe aquela coisa que parece que estava ali a vida inteira e você já tinha passado por ela sem perceber? Acho que foi isso o que aconteceu.
Já nem sabia mais onde estava a senhora, quando falei: “Achei!”

De repente, ela soltou um “achou??” bem mais alto que o meu. Muito mais alto mesmo. Todo mundo começou a olhar. Ela chamou o marido e como ele estava um pouco distante, ela gritou: “Meu bem, olha, ela achou! Ela achou o Cassino Royale!” E todo mundo olhando, pra saber quem era “ela”. Não precisou muito esforço, ela se agarrou no meu pescoço, me agradeceu um sem-número de vezes, me beijou, pediu que Deus recompensasse meu esforço porque eu fui tão querida com ela, etc, etc, etc...

Passado o mico, comecei a sorrir. Parecia algo tão importante para eles e para mim era mais um filme. Pra falar a verdade, dificilmente alguém me verá assistindo um filme de 007. Mas, para aquele casal, era a melhor notícia do dia. O marido veio pra perto de mim, falou o nome do ator principal e começou a tecer uma crítica sobre o filme, o que ele era e o que não era em relação aos filmes anteriores, etc. Depois fiquei sabendo que o marido é um autor de livros famoso aqui em Belém, colunista de jornal e tudo o mais. Mas realmente um casal muito simples.

Diverti-me com a situação. Como diria Saint-Exupéry: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Algo sem importância pra mim, mas fundamental para o feriado daqueles dois.

No final, ainda tive que ouvir um comentário adolescente da minha filha: “Mãe, ainda bem que eu não estava perto da senhora nessa hora, kkkkkkkk”.
Feriado. Eu mereço.